Eram duas
solteironas, mãe e filha. As duas tinham uma aparência desconcertante e
pegajosa. Extremamente pobres por pura convicção e capricho. Não se sabe
como a mãe engravidou. Apareceu grávida e pronto. Do pai nada se ouvira. A
menina herdou dela o olhar nervoso e a vocação para igreja neo pentecostais.
Elas não encarnavam a figura das beatas católicas. Eram lhes conferidos alguns
luxos e uma vida de menos penitências. Com o tempo o olhar nervoso se
agravava. Os olhos se esbugalham. A mãe nunca explicou sobre o pai. Seguiam
como Maria, a virgem, mãe de Jesus. Elas seriam eternamente virgens. Porque é
no gozo que o demônio se aproxima. E elas como boas cristãs haveriam sempre de
temer o demônio, como bradou o pastor. Para diminuir a pobreza e gastar o tempo
elas inventavam pequenas costuras que os parentes mais abastados compravam para
esconder nas gavetas. Acreditavam principalmente que deus proveria a próxima
cesta básica. No natal elas chegavam aos montes. Nesse período redobravam sua
fé.
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