Desenvolvi alguns padrões de abandono e
sempre que possível sigo eles. Se o livro estiver ruim largo ele no meio, se a
série desandou e não lembro mais como cheguei ali, abandono, filme então nem se
fala, durmo. Não encorajo perder a curiosidade e não realizar nenhum esforço
diante do novo ou difícil, mas aprender o momento de ir embora é algo
importante na vida.
Desenvolver um repertório de abandono
não se aplica apenas a livros ou filmes, mas também a pessoas. Devo soar
mesquinha ao escrever isso, mas, pense naquele conhecido que sempre reclama dos
seus relacionamentos ou de possuir um dedo podre. O mecanismo do dedo podre é a
capacidade de estragar tudo o que se toca (haja pretensão em acreditar que
possui tal habilidade) ou o azar de nunca encontrar pessoas legais e sempre
ignorar o padrão de escolhas.
Ao contrário do que pode parecer o
repertório do abandono não é apenas um tipificador de pessoas e reforço dos estereótipos,
ele também é isso, mas é mais que isso. Pode ajudar a fugir de algumas ciladas
ao perceber os padrões que se repetem. Os padrões podem não ser regras
universais ou regerem o mundo, afinal nem sempre a soma de a mais b indicará o
caminho. No entanto, você pode evitar alguns sofrimentos se reparar neles.
Quando Cinquenta tons de cinza ainda ocupava a lista dos mais vendidos lembro de um blog que gostava bastante ter escrito umas das críticas mais
ferrenhas que li na internet naquela época sobre o livro. Algum tempo depois
entro lá e encontro outra resenha furiosa sobre o segundo livro da série. É
isso que tento explicar. Não é necessário ler o segundo livro apenas para reafirmar
que ele é ruim. É esperar milagre demais na vida. Melhor assumir o prazer da
queixa. É mais honesto. Abandonar, aliás,
é ser honesto consigo.
Abandonar sem conhecer é pobreza, “é julgar saber demais e se interessar pouco”. Não é torcer o nariz frivolamente. É o
contrário. É conhecer e saber que não vale a pena. É se conhecer e ir embora.
Já sei que é ruim, não quero, não gosto. Repetindo meu meme favorito da
atualidade “eu não sou obrigada”.
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